Seminário debate consequências do uso de agrotóxicos.
Uma comitiva do Município de Liberato Salzano, formada pelo Vereador Valdir Antonio Zottis, suplente Amarildo Fochezatto, servidora da SMEC Sandra Pin,colaboradora da Crennor Oranilse Casarotto e do servidor do Legislativo Volmir Oliveira, estiveram na sexta feira dia 07 de agosto, participando de um seminário que apontou a necessidade de conscientização na educação do uso de agrotóxicos. O evento aconteceu no auditório Dante Barone da Assembléia Legislativa, promovido em conjunto pelos gabinetes dos deputados Edegar Pretto e Dionilso Marcon. Mais de 800 agricultores, ambientalistas, representantes de entidades civis marcaram presença, além da Ministra do Meio Ambiente Izabela Teixeira, do Presidente da Assembléia Legislativa Edson Brum,e de técnicos de órgãos Estaduais e Federais vinculados ás áreas da saúde e da vigilância ambiental.
Desde 2008, o Brasil ocupa o posto de campeão mundial no uso de agrotóxicos. Segundo o Instituto Nacional do câncer, cada brasileiro consome 7,5 litros do produto por ano. A média sobe para oito litros anuais no Rio Grande do Sul, sendo a Região Noroeste, onde estão localizadas as principais lavouras de soja do Estado, a líder na utilização de agroquímicos.
A ministra Izabela Teixeira revelou que o governo federal montou um grupo integrado por técnicos do Ministério da Agricultura, Ministério do Meio Ambiente e Agência Nacional de Vigilância ( ANVISA) para avaliar os agrotóxicos em uso no Brasil, definir as indicações e, se for o caso, estabelecer novos banimentos. Na avaliação da Ministra, a redução do uso de agrotóxicos passa pela “ampliação da agricultura de base ecológica e por um rearranjo político apartir de um amplo diálogo com a sociedade sobre o impacto da prática no meio ambiente e na saúde da população”.
O deputado Federal Dionilso Marcon considera que a principal missão dos militantes da agroecologia é criar consciência no consumidor. O presidente da associação Gaúcha de proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Leonardo Melgarejo, alertou que não é só a população do campo que esta exposta aos riscos produzidos pelo uso de agroquímicos. “ os moradores da cidade não estão seguros. Os venenos estão na mesa, especialmente, nos produtos á base de milho e soja, na água e no ar. Alguns dos efeitos mais graves não são imediatos, mas se dão a médio e longo prazos, como alterações metabólicas”, ressaltou.
Já a médica Virgínia Dapper, representante da Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde, afirmou que 70% dos alimentos que chegam a mesa da população estão contaminados. Ela disse, ainda que a maior parte dos casos de intoxicação dos trabalhadores rurais por produtos químicos não é notificada aos órgãos de saúde. E que grande parte das bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul estão contaminadas.
Em alguns locais, na região Noroeste, o índice chega a 16 litros de produtos químicos por habitantes.
Além de efeitos imediatos, como alergias e complicações gástricas associadas ao uso de agrotóxicos, a médica citou estudos, realizados entre os anos 2000 e 2010, que relatam o aumento de alterações psiquiátricas leves, neuropatias tardias e câncer entre agricultores que utilizam estas substâncias. Também foi confirmada por estudos recentes, segundo ela, a incidência de suicídios entre os trabalhadores que manejam estes produtos.
De acordo com o Chefe Geral da Emprapa Clima Temperado, Clenio Nailton Pillon, é possível abrir mão do uso dos agroquímicos e adotar soluções tecnológicas em bases razoáveis de produtividade.
No evento foi também lançado na Assembléia legislativa a Frente Parlamentar Gaúcha em defesa da alimentação saudável.